A cada dia que passa mais pessoas desfrutam da ação do design thinking e esta história aconteceu na Dinamarca, mas também vou contar sobre isso acontece aqui no Brasil.
Você vai perceber que ao longo da história algumas ferramentas usadas pelo Design Thinking vão surgindo e descrevendo um problema que antes não eram percebidos pelos recursos analíticos usados para solucionar o problema da má qualidade da alimentação entregue aos idosos com funções reduzidas ou doenças.
Os idosos dinamarqueses, cerca de 125 mil, recebem em suas casas refeições subsidiadas pelo governo, o fato é que, assim como a maioria dos países no mundo a população está envelhecendo e se tornando uma maioria que necessita de auxílio governamental.
Com suas capacidades reduzida os idosos com idades acima de 67 anos, começam a apresentar qualidade de vida reduzida pela desnutrição, que em 20% dos casos acontece porque eles simplesmente comem pouco.
Surge então o desafio a agência de inovação Hatch & Bloom, já que a primeira medida, uma melhoria nos itens do cardápio não se mostrou eficaz. Note que este é um ótimo exemplo dos tipos de problemas que o design thinking pode resolver ao gerando flexões para ideia inovadoras.
O desafio aqui é redesenhar todo o serviço de entrega das refeições com uma abordagem centrada no usuário. Esta reformulação usará várias ferramentas de exploração do comportamento dos idosos para identificar suas necessidades e desejos reconhecidos como “não ditos”.
A abordagem que escolheram foi a etnográfica e a ferramenta foi o mapeamento da jornada do usuário. Dessa forma usando observação e entrevistas os designers acompanham o processo de produção do alimento até a entrega ao idoso.
De certa forma, o mapeamento da jornada não é esse diferente dos fluxogramas ou cadeias de suprimentos que podemos usar em levantamentos analíticos, mas possuem algumas diferenças cruciais. O mapeamento da jornada reconhece o que a maioria de nós utiliza no trabalho todos os dias, as ações emocionais.
Muitas das necessidades “não ditas” estão no lado emocional, tornando esta ferramenta muito valiosa para descobrir oportunidades ocultas para rastrear a experiência dos idosos do início ao fim.
Durante o mapeamento do serviço foi observado que os os idosos preparavam a comida, adicionando ingredientes antes de colocar a mesa, para depois comer a refeição.
Parte do processo era também acompanhar o serviço de produção do alimento feito pelos funcionários. E através de entrevistas, o que viram na cozinha os surpreendeu, era um emprego de baixo status na Dinamarca e os funcionários da cozinha pareciam desmoralizados e desmotivado.
A observação direta dos funcionários ampliou o foco do problema e os pesquisadores decidiram que era importante para o projeto, além dos idosos, intervir com os funcionários municipais, responsáveis pela qualidade das refeições.
A partir desse duplo foco nas pessoas que preparam as refeições e dos idosos que recebiam, começaram a surgir um conjunto de ideias interessantes. Eles descobriram que tanto os idosos quanto os trabalhadores da cozinha tinham necessidades emocionais importantes e que não estavam sendo atendidas e ambos estavam experimentando sentimentos de desconexão e alienação.
Outro dado observado era a cultura local, que interferia pesadamente sobre recebimento dessas refeições. As pessoas se sentiam envergonhados, porque na Dinamarca a ajuda para limpeza doméstica era considerada aceitável, mas a ajuda para as demais necessidades pessoais não eram bem vistas. Além disso, importava quem estava fornecendo a ajuda, os idosos relataram que preferiam receber assistência de um parente ou amigo.
Também foi doloroso para estas pessoas a perda de controle sobre suas escolhas alimentares. Descobriram que decidir o tipo de comida era a segunda coisa mais importante depois de cuidar de sua higiene pessoal. Ainda foi percebido que eles odiavam comer sozinhos, porque esta condição lembrava que as famílias não estavam mais por perto.
Todos esses fatores contribuíram no problema da nutrição e colocava em discussão um contexto mais amplo, ou seja, mesmo aparentando ser a entrega de refeições uma solução legítima, isto ampliava as sensações de falta de autonomia e abandono da família, refletindo diretamente no apetite dos idosos.
Já com os trabalhadores da cozinha, a agência aprendeu que estavam fazendo refeições repetitivas, de baixo custo que às vezes mudavam, não porque faltavam habilidades ou porque simplesmente não se importavam, mas devido às restrições econômicas e logísticas percebidas que os impediram de fazer algo mais interessante. De fato, assim como os idosos, os funcionários também tentavam personalizar suas refeições adicionando especiarias ou usando suas próprias batatas ou vegetais.
Uma vez que os membros da equipe terminaram sua pesquisa etnográfica e para uma compreensão maior do desafio na criação de um novo serviço, eles passaram a co-criar com as pessoas envolvidas no processo.
Para conseguir isso, foram feitas uma série de oficinas que reuniram um grupo das partes interessadas, que incluía funcionários públicos, voluntários, especialistas em questões de idosos, trabalhadores da cozinha e funcionários de instalações de cuidados residenciais. Juntos, eles analisaram a pesquisa etnográfica, desenvolvendo informações e critérios de design para geração de ideias.
Em seguida, em um processo de brainstorming (tempestade de ideia) com os trabalhadores da cozinha, foram definidas três versões de menu, que finalizado deu início a uma importante fase. Testar o novo serviço.
Ainda em co-criação foi utilizado uma ferramenta chamada de visualização, onde ao provar a comida era perguntado aos participantes como se sentiam. Por exemplo, se a cor da refeição estava boa ou se preferiam de outros modos, demonstrados em fotos.
Lembra que havia comentado, design thinking não se trata de desenhar, uma habilidade que muitos de nós não temos, mas trata-se de usar imagens para fazer uma ideia abstrata mais visível, clara e compreensível para os outros.
O resultado deste processo foram algumas mudanças de design de embalagens que permitiram refeições mais modulares, onde os componentes eram separados em vez de serem misturados, além de novos uniformes para funcionários e um novo nome para as entregas de alimentos, “Good Food”, que refletiu as aspirações de todos.
Também incluiu uma nova comunicação onde cartões de comentários entre clientes e funcionários construíram um contato mais próximo, evoluindo o serviço para algo muito mais significativo.
O incrível é que toda esta experiência dinamarquesa também vem acontecendo aqui no Brasil, posso falar aqui dos empreendimentos residenciais da Tecnisa, onde o design thinking, usou estas ferramentas de mapeamento de jornadas, co-criação, prototipagem e experimentação, para implantação de novas áreas mais significativas em condomínios como oficinas coletivas, espaço para estudos musicais, estacionamentos feitos com compartimentos e o mesmo cuidado de acabamentos das residências e outras pequenas modificações que fizeram destes imóveis locais realmente desejáveis. E que bom que isso tudo está tão perto de todos nós.
Claro que estamos falando de inovar todo o modelo de negócio e apesar de simples é trabalhoso, mas gostaria que você passasse alguns minutos agora pensando sobre como seria incrível se mais pessoas pudessem viver está experiência. Depois comente e compartilhe com as pessoas como seria bom participar da transformação de um problema em algo realmente significativo e inovador.